Pesadelo #10
Caminhava
apressadamente acompanhado pelo som de seus próprios passos. Já era tarde da
noite e o relógio ainda marcava 22 horas em ponto, Johnson nem havia percebido
que seu rolex tinha deixado de funcionar há algumas horas, devido ao seu estado
de embriaguez provocado pelos incontáveis copos de uísque com gelo. A rua
estava escura e silenciosa, como sempre, mas ele conhecia bem aquele lugar, sua
casa fica a poucas quadras dali e Johnson costumava voltar a pé após suas
longas noites de bebedeira no Free Jazz, bar onde passava horas com os amigos
jogando conversa fora, ouvindo um bom jazz e bebendo, o que entre as três era a
que ele mais apreciava. Enquanto caminhava, sua mente pregava-lhe peças,
Johnson usava bem a imaginação e fazia desta habilidade seu passatempo
preferido.
Enquanto
caminhava tinha a impressão de estar sendo seguido e, movido pelo instinto,
virava-se para trás a cada 10 passos percorridos, mas não conseguia
encontrar ninguém além de ele próprio. Johnson se aproximava de uma casa
abandonada, onde há muito tempo não morava ninguém e se lembrou de que havia
uma lenda sobre aquela casa e que ele próprio sabia contar com exatidão, sabia
também que era por este motivo que a casa permanecia sempre vazia.
Após
retornar de seus devaneios, Johnson percebeu que caminhava mais rápido, chegava
perto de uma leve corrida, sua respiração começava a ficar ofegante e seu
coração batia apressadamente, tinha sensação de estar sendo seguido de perto,
mas não via e nem ouvia nada a não ser o barulho do vento que começava a soprar
e a mexer os galhos nas árvores. Quando passou em frente à casa, Johnson não
quis olhar, mas sentiu-se atraído e não resistiu, ao olhar teve a impressão de
que algo se mexeu dentro da casa,
pareceu ter visto uma sombra se mover rapidamente, então ele respirou fundo e
pensou: “é apenas a minha mente, meus olhos estão vendo apenas o que a minha
mente quer que eu veja”. Johnson resistiu por alguns instantes, mas tornou a
olhar para o interior da casa e desta vez notou que havia uma pequena chama,
parecia ser uma vela acesa e se perguntou: quem poderia ser? O que está
acontecendo? E novamente teve a impressão de ter visto uma sombra se mexer
dentro da casa abandonada. Johnson quis correr, mas seu sistema nervoso estava
paralisado e movido apenas pela vontade de saber quem poderia estar habitando
aquele lugar maléfico que carregava histórias tão horríveis.
Johnson
seguiu em direção a casa, agora a passos lentos, receosos, estava a suar
frio e o coração queria saltar-lhe à boca, a cada passo dado a porta ficava
mais perto e a luz que vinha de dentro se tornava mais brilhante. As folhas
secas no chão estalavam e Johnson arrepiava-se e tremia, pensava ele: “o que
estou fazendo? É assim que se morre nos filmes de terror!” Notou que com mais
cinco passos estaria dentro da casa e descobriria o que estava acontecendo.
Decidido sobre o que ia fazer e esperando pelo pior, ao se deparar com a porta
aberta em um movimento rápido, ele saltou para dentro da casa e, ao olhar todo
o interior, notou que havia pegadas de lama no chão, pegadas grandes, viu
também que as paredes estavam marcadas por símbolos feitos com sangue e Johnson
teve certeza de que os rumores eram verdadeiros, “a casa está realmente
abandonada”, pensou ele. Nesse momento, ouviu um barulho que vinha dos fundos, correu
seguindo o som e quando se deparou com o lugar ficou surpreso com o que via,
seus olhos pareciam não acreditar e ele num gesto de puro reflexo começou a
gritar descontroladamente, “NÃO, NÃO, NÃO...” Foi então que ouviu uma voz
branda chamar pelo seu nome e gradativamente a voz que chamava ia aumentando.
Notou então que a voz que chamava por ele parecia com a de sua mulher e ele se
perguntou: “o que Katharine faz aqui?” Foi então que ele ouviu novamente a voz
dizer: “Johnson você esta tendo um pesadelo. Acorde! Vamos!”. E ele levantou-se
depressa e sentou-se na cama e percebeu que tudo não passou de um pesadelo, ele
sorriu e voltou a dormir.
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