Tateia-me
sob a luz tímida da noite
entre cacos
e caos de vida e vidro
a sombra do
fantasma te persegue,
projeta-se
nas paredes da alma e do olho
nas veias
corre quente o sangue,
no chão
tingido de tinto coagula o vinho
inebriante aroma do perfume
nos negros
fios tecidos de linho
braços de
pena em forma de asa
voa alto o
passarinho a olhar pela janela
coração
amarelo à noite canta
tímida ave
do velho mundo a passarar
o olho
estrábico vê de ponto em ponto a linha torta,
a criança
cansada não dorme
inquieta
dentro do corpo amorenado da menina já adulta
que canta de
dia e de noite, metade pássaro, metade gente
as mãos e os
dedos de pena escrevem poesia
para ser
livre, para se curar da dor
para vomitar
sua indignação, para suportar o mundo dia após dia
os olhos, os
óculos, o corpo, a matéria, para ser o verbo, o pó, poesia e cor
a menina
dorme sobre seus livros
acalenta-se,
afaga-se
embaixo das
asas do grande pássaro
chamado
poesia.
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